sexta-feira, 4 de março de 2011

Colheita paralisada

    

 Com umidade em excesso, lavoura vai passando do ponto e a probabilidade de deterioração dos GRÃOS só aumenta em MT
     Se no começo da temporada de plantio os produtores reclamavam da falta de chuvas, a reclamação agora é porque chove muito e quase incessantemente nos últimos dias, em todo o Estado. Por conta disso, os produtores vivem uma situação inusitada: foram obrigados a interromper a colheita de soja e retirar as máquinas das lavouras. Em muitas regiões, as lavouras estão alagadas, sem condições dos maquinários entrarem. O reflexo é o atraso na colheita, com o aumento de incidência de GRÃOS ardidos, úmidos e avariados.
     De acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até agora foram colhidos até a semana passada 1,6 milhão de hectares, o equivalente a apenas 25% de toda a área plantada no Estado - 6,4 milhões de hectares - restando ainda mais 4,8 milhões de hectares para serem colhidas.  "A situação vai de mal a pior. A colheita está paralisada em todo o Estado", afirmou ontem o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Carlos Henrique Fávaro.
     De acordo com a Aprosoja/MT, a situação afeta todo o Estado. As regiões mais críticas são a oeste e noroeste, com destaque para Sapezal, Campos de Julio e Campo Novo. Há registros de perdas pontuais em algumas lavouras dessas regiões, mas, segundo Fávaro, "ainda é cedo para falar em prejuízos".
     Em algumas regiões, a soja plantada em outubro de 2010 está "passando do ponto" de colheita por causa das chuvas. Segundo os produtores, após o fim do ciclo a vagem "estoura" e o grão cai de forma natural. Além disso, quando chove o grão absorve mais umidade. Isto pode ocasionar o apodrecimento da soja mesmo com o grão ainda na planta, devido ao ataque de fungos, ou a perda de peso das sementes.
     Segundo ele, a chuva não tem dado trégua aos produtores nos últimos dias. "Na semana passada alguns produtores conseguiam colher, ainda que de maneira precária e com umidade acima de 23 graus. Agora o trabalho está interrompido e ninguém mais consegue fazer nada porque as chuvas não dão um tempo". No momento em que Fávaro concedia a entrevista ao Diário, ontem pela manhã, chovia em todo o Estado. "A chuva começou bem cedo e, neste momento, cai água ao entorno de toda a BR-163 (Cuiabá Santarém). E ainda há previsão de mais chuvas para o Estado durante o dia", contou.
     Ele diz que enquanto muitos produtores suspenderam a colheita, outros sequer começaram o trabalho. "O problema é que chove durante o dia todo e, à noite, o tempo fica limpo. Mas os produtores nada podem fazer porque a colheita só é possível com sol porque os GRÃOS precisam secar. A situação é inusitada: à noite o tempo fica bom, mas durante o dia os operadores não conseguem fazer nada por causa das chuvas".
AS PERDAS - Fávaro diz que o excesso de umidade dos GRÃOS afeta diretamente a renda do produtor, já que na hora de entregar o produto à trading, é feito o "desconto" sobre os GRÃOS avariados. Normalmente, GRÃOS com umidade acima de 23 graus geram descontos entre 20% e 30% para o produtor. A preocupação dos produtores é justamente com a demora na retirada dos GRÃOS. "Se passar do ponto de colheita, o grão começa a se deteriorar. Acredito que isso poderá acontecer nesta safra caso as chuvas persistam por mais cinco ou seis dias", alerta.

Fonte: Portal do Agronegocio Goiano.

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