terça-feira, 8 de março de 2011

Safra de soja em 2011 repetirá a de 2010

 

     Depois de aumentar 10 milhões de toneladas neste ano, a próxima safra de soja do Brasil (2010/11) poderá apenas igualar a atual. Isso se tudo der certo, avaliam especialistas.
     Essa estabilidade deve ocorrer porque o Brasil registra produtividade recorde neste ano e clima favorável na maior parte das regiões produtoras, algo que não será fácil de se repetir.
     Sendo conservador, teremos a mesma área; sendo otimista, um pequeno crescimento. Então podemos esperar a safra do ano que vem do tamanho desta, afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessoa.
O Brasil está terminando de colher uma safra de soja oficialmente estimada em 67,4 milhões de toneladas, ante 57,1 milhões em 2008/9. Mas na avaliação de alguns consultores fica próximo de 68 milhões.
     Pessoa, assim como outros analistas ainda cautelosos em falar sobre a próxima safra, diz que a chave para a próxima temporada estará no milho, cujos estoques estão elevados no país e os preços, pressionados.
Diria que para as duas principais culturas a tendência é baixista. Estamos com muito estoque, tanto de soja como de milho, afirmou Jacqueline Bierhals, da AgraFNP.
     No Sul e no Sudeste, onde há forte concorrência entre milho e soja, a oleaginosa -produto com maior liquidez para a comercialização- sairia vencedora, segundo Eduardo Godoi, da Agência Rural. Acho que a soja pode avançar, não pelo cenário de soja estar bom, mas pelo fato de o mercado de milho estar pior ainda, diz Godoi.
     Para ele, em Mato Grosso, principal Estado produtor de soja do Brasil, as condições de mercado para o crescimento de área são difíceis, uma vez que as condições logísticas deficitárias em relação ao Sul/Sudeste e a distância dos portos exportadores reduzem os ganhos dos produtores.
     O que posso dizer com certa segurança é que no cerrado é muito difícil pensar em expansão significativa, tanto pela parte ambiental como pela de renovação de pastagem. A soja deixou pouca receita por hectare, por isso fica difícil o incremento, diz ele.
Redução de área
     Com rentabilidade por hectare reduzida em Mato Grosso, há quem avalie até mesmo que o plantio será reduzido, redução essa que seria compensada por eventuais aumentos de área no Sul, em terras antes cultivadas com milho.Se analisarmos hoje o resultado da safra 2009/10 que acaba de ser colhida, o produtor do Centro-Oeste, em particular de Mato Grosso, não consegue fechar a conta e ele toma prejuízo, disse o diretor da Céleres, Anderson Galvão.
     A consequência disso para mim, no curtíssimo prazo, é que não tem espaço para crescimento de área no Brasil na safra 2010/11. Ao contrário, acredito que vai haver recuo de área plantada, destacou.
Uma alta nos preços dos fertilizantes, que representam a maior parte dos custos de produção, seria outro limitante para 2010/11, segundo o analista da Céleres, além de uma boa safra de soja nos Estados Unidos, onde o plantio aumentou.
     A safra dos Estados Unidos, o maior produtor mundial, seguido pelo Brasil, acaba determinando os preços globais. O que significa dizer que uma frustração climática norte-americana também pode mudar todo o cenário.É preciso ver como será a safra dos Estados Unidos. Se tiver alguma quebra, o preço pode melhorar, observou o economista da Abiove, Henrique Paes de Barros, evitando fazer prognósticos.

por Roberto Samora

Fonte: Jornal Folha de S.Paulo / Canal do Produtor

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou comente, não gostou então tambem comente!